Suzanne Collins era obcecada quando criança por filmes de gladiadores, onde se vê a imagem de um "herói" lutando contra seus oponentes e entretendo a platéia. A autora teve a ideia para os "Jogos" quando estava deitada em sua cama zapeando na TV, enquanto mudava de canal, passando por cenas da Guerra do Iraque e Reality Shows, percebeu como a mídia os apresentava de forma semelhante, como entretenimento ao público.
Em entrevista a autora também revela que é fascinada pelo mito de Teseu e o Minotauro, onde cada cidade grega é obrigada a mandar anualmente dois tributos à Creta para serem sacrificados, sendo lançados no labirinto que guarda a besta de Minos.
Eu poderia dar a vocês mais de 20 interpretações deste mito e sua correlação com os "Jogos", mas fugindo da superficialidade, do óbvio, acho que a correlação Arquetípica mais profunda é perceber que como Teseu, a nossa protagonista também tem que enfrentar o seu próprio Minotauro, a frase que encabeça o segundo volume - Lembre-se de quem é o seu Verdadeiro Inimigo. - nos revela que Ela é o seu maior inimigo, o fato de ser uma garota marcada por desgraças que por vezes não a deixem saber quem Ela realmente é, que não a deixam prescrutar seu âmago para descobrir seu verdadeiro Eu, isso é seu verdadeiro inimigo, falta de auto-conhecimento.
E é justamente isso que o mito do Minotauro nos ensina, que por vezes é necessário descer o mais fundo possível no nosso labirinto interno e, como Teseu, enfrentar a nossa fera interior, encarnar literalmente o Arquétipo do "herói" e ver que há feiura dentro de nós, temos um lado Sombra.
Em "Jogos Vorazes - Em Chamas" somos bombardeados com uma história excitante, com muita ação e totalmente diferente daquela que nos foi apresentada no primeiro volume da trilogia. A protagonista, Katniss Everdeen, evolui da garota envolvida nos clichês amorosos de sua estréia para um símbolo da revolução, que deverá ser protegido a todo custo, até dela mesma. Para que então possa se tornar "O Tordo" a ave da esperança (ou o fio de Ariadne que encontraremos no terceiro volume) que trará inspiração ao levante dos cidadãos dos distritos livrando-os da inércia.
A autora nos mostra também um cenário mutante e vivo (O Labirinto), cheio de perigos (assim como o nosso Inconsciente) que é mais um personagem do que apenas um adorno à história, assim como Rowling faz ao vivificar o Castelo de Hogwarts. A escrita é imediatista e eu senti falta de mais virgulas, pois acabava perdendo o fôlego com tanta coisa acontecendo e eu sem conseguir parar de ler, o ritmo é intenso do mesmo modo como está sendo absorvido pelos olhos de Katniss.
O único comentário que posso fazer após terminar essa leitura é:
Estou louco pra ver o filme!
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